domingo, 21 de septiembre de 2014

ADEUS A RUBEM ALVES- Um mosaico de saberes

RUBEM ALVES - "O filósofo da educação"

“Quem, por causa do medo, se encolhe e rasteja, vive a morte na própria vida. Quem, a despeito do medo, toma o risco e voa, triunfa sobre a morte. Morrerá quando a morte vier. Mas só quando ela vier” (Rubem Alves)



                Trás a morte de Rubem Alves no último 19 de julho, dedicamos  esta página a este ilustre personagem brasileiro que deixou uma grande contribuição à humanidade.



POLIFACÉTICO E POETA

                 Como um intelectual multifacético, Rubem Alves era quase um “homem renascentista” porém já na era do pós-modernismo. Pedagogo, poeta, filósofo, cronista, pastor presbiteriano, contador de histórias, escritor de contos infantis, ensaísta, teólogo, acadêmico, conferencista e psicoanalista, Alves foi um dos nossos maiores pensadores contemporâneos, um dos escritores brasileiros mais lidos. Com tantas facetas, era com a de poeta que se revelava sensível à poesia e à beleza da vida e do mundo inspirando lirismo e sabedoria por gerações. Em sua faceta como teólogo foi um dos precursores da “Teologia da libertação”, sofrendo também perseguições da ditadura militar, acusado de subversão em 1968. Foi quando decidiu voltar aos EUA (onde já tinha cursado um mestrado em teologia), agora para cursar um doutorado em “Filosofia” em Princeton.



                Foi autor de 160 obras entre ficção e não ficção, traduzidas a vários idiomas e publicadas em 12 países. De espírito crítico, tinha a capacidade de se conectar com o público o qual lhe era fiel, sempre ávido por suas ideias. Sensível, sua mensagem sempre se relacionava com o emocional do ser humano.

                Entre seus livros mais destacados temos: “Entre a ciência e a sapiência” (2010), “O que é a religião?”; “O regresso do pássaro encantado” – literatura infantil; “Variações sobre a vida e a morte”, de cunho teológico; “Filosofia da ciência”- relaciona temas filosóficos e de conhecimento científico. Em 2009, foi galardoado com o 2ª lugar do prêmio Jabuti pelo livro “Ostra feliz não faz pérola”, com o qual compartilha sua experiência revelando uma de suas mais brilhantes facetas: a de educador. Deixou um grande legado para nosso ensino – o qual criticava veemente- sendo referência obrigatória em cursos de pedagogia e de formação de professores, além de, logicamente, diversas outras áreas. Defendia que educar não é ensinar matemática, física, química, geografia, mas sim ‘ensinar a ver’”.



 
                
                A seguir, Alves nos brinda duas reflexões sobre sua faceta filosófica e o mundo. Aproveitamos o tema de sua morte e perguntamos: O que é a vida e como ela se compõe? Alves nos responda poeticamente, com suas leves e deliciosas palavras, porém repletas de significados.



As três fases da vida de Rubem Alves



Minha vida se divide em três fases.
Na primeira, meu mundo era do tamanho do universo
E era habitado por deuses, verdadeiros e absolutos.
Na segunda fase meu mundo encolheu,
Ficou mais modesto e passou a ser habitado
Por heróis revolucionários que portavam armas
E cantavam canções de transformar o mundo.
Na terceira fase, mortos os deuses,
Mortos os heróis, mortas as verdades e os absolutos,
Meu mundo se encolheu ainda mais
E chegou não à sua verdade final mas a sua beleza final:
Ficou belo e efêmero como uma jabuticabeira florida.





A vida, uma sonata?


Compreendi, então,
Que a vida não é uma sonata que,
Para realizar a sua beleza,
Tem de ser tocada até o fim.
Dei-me conta, ao contrário,
De que a vida é um álbum de mini-sonatas.
Cada momento de beleza vivido e amado,
Por efêmero que seja,
É uma experiência completa
Que está destinada à eternidade.
Um único momento de beleza e amor
Justifica a vida inteira.


                Algumas frases de Rubem Alves:

"Aquilo que está escrito no coração não necessita de agendas porque a gente não esquece. O que a memória ama fica eterno."

 “Minha filosofia pode ser resumida em duas frases latinas: “Tempus Fugit”: o tempo foge, passa, tudo é espuma… E “Carpe Diem”: colha cada dia como um fruto saboroso que cresce na parede do abismo. Colha hoje porque amanhã estará podre.” 

"Não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses."


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