Origem e evolução da Última Flor do Lácio
FORMAÇÃO DE PORTUGAL
Dos romanos ao Estado independente
Dos romanos ao Estado independente
Separada do resto da Europa pela cadeia dos Pirineus, a Península Ibérica teve um importante papel no encontro de vários povos há cerca de dez mil anos e desse encontro resultou um antigo e demorado processo de miscigenação e de constantes processos de aculturação. Entretanto, as várias culturas existentes na Península foram reduzidas e um denominador comum, a partir do domínio romano e de sua imposição cultural.
A língua falada pelos conquistadores - o latim - dominou quase toda a região, apresentando-se em duas modalidades: o latim clássico, gramaticalizado, falado e escrito, era usado pelas pessoas cultas, e o latim vulgar, usado pelo povo, era apenas falado. A língua de comunicação usada nas regiões romanizadas era o latim falado (vulgar, inculto), e é justo dele que se origina a língua portuguesa (daí a alcunha "inculta e bela").
No século V, vários grupos bárbaros entram na região ibérica, destruindo, assim, a organização política e administrativa dos romanos. Entretanto, nota-se que a um domínio político não corresponde um domínio cultural: os bárbaros sofreram um processo de romanização.
No século VIII, essa situação sofre profundas modificações, em consequência da invasão muçulmana. O domínio árabe estendeu-se por vários séculos, variando de acordo com as regiões; é certo que esse domínio mouro se fez sentir maioritariamente na região sul da Península. O norte, jamais conquistado, serviu de refúgio aos cristãos, que de lá organizaram a luta pela Reconquista da península objetivando o resgate dos territórios ocupados pelos árabes.
Após a Reconquista, a estrutura de poder e a organização territorial ganham novos contornos: os reinos do norte da Península (Leão, Castela e Aragão) estendem suas fronteiras em direção ao sul. Ao reino de Leão pertencia todo um território banhado pelo rio Douro: o Condado Portucalense. A origem de Portugal está ligada à história de dois casamentos reais e a esse condado.
Em fins do século XI, governava todo o norte da Península o rei Afonso VI, empenhado na expulsão dos muçulmanos. De toda a Europa cristã vieram cavaleiros para lutar contra os mouros, dentre os quais dois nobres de Borgonha: Raimundo e seu primo Henrique. Afonso VI tinha duas filhas: Urraca e Teresa. O rei prometeu o casamento de Raimundo com Urraca e lhe deu como dote o governo da Galiza. Pouco depois, casou Teresa com Henrique e lhe deu como dote o governo do Condado Portucalense. D. Henrique de Borgonha continua lutando contra os mouros e anexando novos territórios ao seu condado, que ia esboçando já os atuais contornos do Portugal contemporâneo.
A formação e a própria evolução da língua portuguesa contam com um elemento decisivo: o domínio romano. O domínio romano e sua imposição cultural reduziram a um denominador comum as várias culturas existentes na Península.
A língua falada pelos conquistadores - o latim - dominou quase toda a região, apresentando-se em duas modalidades: o latim clássico, gramaticalizado, falado e escrito, era usado pelas pessoas cultas, e o latim vulgar, usado pelo povo, era apenas falado. A língua de comunicação usada nas regiões romanizadas era o latim falado (vulgar, inculto), e é justo dele que se origina a língua portuguesa (daí a alcunha "inculta e bela").
No século V, vários grupos bárbaros entram na região ibérica, destruindo, assim, a organização política e administrativa dos romanos. Entretanto, nota-se que a um domínio político não corresponde um domínio cultural: os bárbaros sofreram um processo de romanização.
No século VIII, essa situação sofre profundas modificações, em consequência da invasão muçulmana. O domínio árabe estendeu-se por vários séculos, variando de acordo com as regiões; é certo que esse domínio mouro se fez sentir maioritariamente na região sul da Península. O norte, jamais conquistado, serviu de refúgio aos cristãos, que de lá organizaram a luta pela Reconquista da península objetivando o resgate dos territórios ocupados pelos árabes.
Após a Reconquista, a estrutura de poder e a organização territorial ganham novos contornos: os reinos do norte da Península (Leão, Castela e Aragão) estendem suas fronteiras em direção ao sul. Ao reino de Leão pertencia todo um território banhado pelo rio Douro: o Condado Portucalense. A origem de Portugal está ligada à história de dois casamentos reais e a esse condado.
Do casamento de Teresa e Henrique nasce o condado que deu origem a Portugal
Em fins do século XI, governava todo o norte da Península o rei Afonso VI, empenhado na expulsão dos muçulmanos. De toda a Europa cristã vieram cavaleiros para lutar contra os mouros, dentre os quais dois nobres de Borgonha: Raimundo e seu primo Henrique. Afonso VI tinha duas filhas: Urraca e Teresa. O rei prometeu o casamento de Raimundo com Urraca e lhe deu como dote o governo da Galiza. Pouco depois, casou Teresa com Henrique e lhe deu como dote o governo do Condado Portucalense. D. Henrique de Borgonha continua lutando contra os mouros e anexando novos territórios ao seu condado, que ia esboçando já os atuais contornos do Portugal contemporâneo.
A EVOLUÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA
A formação e a própria evolução da língua portuguesa contam com um elemento decisivo: o domínio romano. O domínio romano e sua imposição cultural reduziram a um denominador comum as várias culturas existentes na Península.
Entretanto, não se pode desprezar por completo a influência exercida pelas diversas línguas faladas na região antes do domínio romano sobre o latim vulgar; este, mais aberto a transformações e diversificações. Assim é que o latim vai passando por uma fase de "transição", por assim dizer, modificado pelas falas regionais, dando origem a vários dialetos, que recebem a denominação genérica de romanço (do latim romainice, que significa 'falar à maneira dos romanos').
No século V, com as invasões bárbaras e a queda do Império Romano do Ocidente, intensifica-se o aparecimento desses vários dialetos. Al final de um processo evolutivo, constituíram-se as línguas modernas, conhecidas como neolatinas. No caso particular da Península Ibérica, várias línguas e dialetos se formaram, entre eles o catalão, o castelhano, o galego-português; deste último derivou-se a nossa língua portuguesa.
O galego-português, derivado do romanço, era um falar geograficamente limitado a toda faixa ocidental da Galiza e de Portugal. Cronologicamente, compreendido entre os séculos XII e XIV, coincidindo com a época das guerras de Reconquista. Em meados do século XIV, nota-se uma maior influência dos falares do sul, notadamente da região de Lisboa; avolumam-se, assim, as diferenças entre o galego (mais tarde, apenas um dialeto espanhol falado na região da Galiza) e o português.
O
galego floresceu durante os séculos XII e XV, aparecendo tanto em documentos
oficiais da região da Galiza como em obras poéticas de diversos cancioneiros. A partir do século XVI, com o domínio político centralizador de Castela, impõe-se
o castelhano como língua oficial, e o galego tem sua importância relegada a um
plano secundário este considerado atualmente um mero dialeto daquele.
Por outro lado, o português, desde a consolidação da autonomia política e, mais tarde, com a dilatação do Império Luso, consagra-se como língua oficial de uma nação. Da evolução da língua portuguesa, do português arcaico e do português moderno, observamos esta evolução no ítem seguinte:
FASES HISTÓRICAS DO
PORTUGUÊS
1) Fase proto-histórica
Anterior ao século XII,
com textos escritos em latim bárbaro (modalidade do latim usada apenas em
documentos e por isso também chamada de latim tabeliônico (ou dos tabeliões).
2) Fase do português arcaico
Do século
XII ao século XVI, compreendendo dois períodos distintos:
a) do
século XII ao XIV - com textos em galego-português;
b) do
século XIV ao XVI - já com a dissociação entre o galego e o português temos textos em cada uma dessas línguas.
A partir do século XIV, o galego-português cada vez mais é substituído pelos dialetos regionais da Lusitânia e da Galiza, até que o Português se dissocia do Galego. Observe como este fragmento de uma crônica de Fernão Lopes (1380?-1460?) marca bem esse período em que os traços do galego-português se escasseiam para dar lugar à feição estilística do Português.
3) Fase do português moderno
Busque Amor novas artes, novo engenho,
Para matar-e e novas esquivanças,
Que mal me tirará o que eu não tenho.
Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o lenho.
Mas, conquanto não pode haber desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal que mata e não se vê;
Que dias há que na alama me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei nde,
Vem não sei como, e dói não sei por quê.
Luís Vaz de Camões (1524-5?-1580)
(Camões, Luis Vaz de. In: Obras completas (com prefácio e notas do prof Hermani Cidade). 4ª ediçãol Lisboa, Livraria Sá da Costa Editora, 1971, p. 205.)
A geografia da língua portuguesa
O atual quadro de regiões onde se
fala a língua portuguesa, quer como língua oficial, quer resistindo como
bolsões ou originando dialetos, é ainda reflexo da expansão territorial
lusitana ocorrida nos séculos XV e XVI.
Assim é que a língua portuguesa, partindo "da ocidental praia lusitana", adentrou por todos os 5 continentes do planeta:
1) AMÉRICA
(Brasil)
2) ÁFRICA
(Guiné-Bissau, Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe)
3) ÁSIA
(Macau, Goa, Damão e Diu)
4) OCEANIA
(Timor)
5) PORTUGAL
*) ILHAS ATLÂNTICAS PRÓXIMAS À COSTA DA AFRICA
(Açores e Madeira).
É necessário, entretanto, destacar duas situações:
a) Em alguns países, o português é a língua oficial (Brasil, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe) e, apesar da incorporação de vocábulos nativos e de modificações gramatiacais e de pronúncia, mantém uma uniformidade com o português de Portugal; sobretudo atualmente com a aprovação do Novo Acordo Ortográfico de 2009);
b) Em alguns locais, as mudanças foram tantas que se pode falar em dialetos originários do português.
A Canção da Ribeirinha
(Paio
Soares de Taveirós)
Esta cantiga é considerada o
mais antigo texto escrito em português arcaico; mais precisamente, está em "galego-português": 1189-1198, por tanto de fins do
século XII. Segundo consta, esta cantiga teria sido inspirada por D. Maria Paes
Ribeiro, a "Ribeirinha", uma mulher muito cobiçada e que se tornou
amante de D. Sancho, o segundo rei de Portugal.
Como acabamos de ver, o galego-português, derivado do romanço (estágio intermédiário de evolução do latim ao português), era um falar geograficamente limitado a toda a faixa ocidental da Península, correspondendo aos atuais territórios de Galiza e de Portugal.
No quadro abaixo podemos contemplar as diferenças entre o "galego-português" - original da canção e sua atualização para o "português moderno", vejamos:
Como acabamos de ver, o galego-português, derivado do romanço (estágio intermédiário de evolução do latim ao português), era um falar geograficamente limitado a toda a faixa ocidental da Península, correspondendo aos atuais territórios de Galiza e de Portugal.
No quadro abaixo podemos contemplar as diferenças entre o "galego-português" - original da canção e sua atualização para o "português moderno", vejamos:
Versão Original em
Galego-português
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Versão atualizada em
Português moderno
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No mundo non me sei parelha, mentre me for' como me vai, ca ja moiro por vós - e ai! mia senhor branca e vermelha, Queredes que vos retraia quando vos eu vi em saia! Mao dia me levantei, que vos enton non vi fea!
E, mia senhor, des aquel di' , ai!
me foi a mim muin mal,
e vós, filha de don Paai
Moniz, e ben vos semelha
d'aver eu por vós guarvaia,
pois eu, mia senhor, d'alfaia
nunca de vós ouve nem ei
valia d'ua
correa".
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No mundo ninguém se assemelha a mim Enquanto a vida continuar como vai Porque morro por vós e - ai! - Minha senhora alva e de pele rosada, Quereis que vos retrate Quando eu vos vi sem manto. Maldito seja o dia em que me levantei E então não vos vi feia! E, minha senhora, desde aquele dia, ai! Tudo me ocorreu muito mal! E a vós, filha de Dom Paio Moniz, parece-vos bem Que me presenteeis com uma guarvaia, Pois eu, minha senhora, como presente, Nunca de vós recebera algo, Mesmo que de ínfimo valor". |
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